É só ir na escola que meu filho fica doente !

Seu filho começou a frequentar a escola e já está doente? Parece que nunca sara e toda hora está com o nariz escorrendo?

Saiba que você não está sozinha . TODAS as crianças matriculadas antes dos 2 anos de idade convivem com as “viroses” durante todo o período letivo. Mas por que isso acontece?

As crianças que frequentam creches têm de seis a oito episódios de infecções por ano. É quase um episódio por mês. Mas, isso não significa que a criança esteja com a imunidade baixa.

Durante os primeiros anos de vida, o sistema imunológico está em fase de amadurecimento, o que torna a criança mais vulnerável a infecções. O contágio da maior parte dos vírus acontece pelo contato e, nessas idades, as crianças estão muito próximas, trocam brinquedos que geralmente levam à boca todo o tempo, por mais que as creches tentem individualizá-los.

Além disso, grande parte das doenças são causadas por vírus, que se transmitem de uma criança para a outra com muita facilidade através das gotículas de saliva, ou seja, só de chegar perto e falar já pode transmitir.

Cada vez que a criança tiver contato com um vírus novo, ela terá uma infecção, porque ainda não tem os anticorpos necessários para evitar isso.  Por isso o primeiro ano é o mais difícil para os bebês e para as mães que ficam desesperadas de ver que toda semana o filho está resfriado, ou tossindo, ou com diarreia, ou com infecção de garganta, etc.

Algumas vezes parece até que é a mesma doença que não curou, aquele resfriado interminável.

Como evitar isso?

Não fique preocupada por ser uma péssima mãe ao colocar seu filho na escola tão cedo. Existem algumas maneiras de melhorar a frequência das infecções.

alimentação : frutas e verduras coloridas possuem vitaminas variadas. Se o seu filho não aceita muito bem , bata um suco e evite dar aquele ” sopão” com todos os legumes da geladeira. A sopa tem muito líquido e os vegetais muitas fibras , o que provoca a saciedade antes da criança consumir uma quantidade ideal de nutrientes.

vitaminas : zinco é a vitamina chave . O efeito da suplementação de zinco sobre o sistema imunológico apresenta bons resultados em crianças, aumentando o controle de diarréias e infecções respiratórias.

check up : verificar com o seu pediatra a presença de doenças que possam propiciar mais infecções , como as alergias e anemia.

repouso em casa : evitar levar a criança doente para a escola, para que ela possa se recuperar . A criança doente tem pouco apetite , que pode piorar quando ela toma muita medicação . Em casa , a supervisão da alimentação é melhor e podemos oferecer uma boa variedade de alimentos em caso de recusa .

use lactobacilos : isso mesmo : leite fermentado , iogurte e kefir são ótimos aliados para melhorar a imunidade. Contem lactobacilos que atuam sobre a flora intestinal e melhoram a imunidade das crianças .

Alguns pais e avós dizem que as crianças de hoje são mais “fraquinhas ” e não saram , porque sempre estão com tosse ou coriza . Na verdade , cada vez mais cedo elas entram na escola e isso tem sido prejudicial à saúde delas . Se o seu filho não melhora ou teve que utilizar antibióticos com muita frequência , talvez seja a hora de repensar na necessidade dele frequentar o ambiente escolar.

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Bolinha na garganta nem sempre indica infecção

Nem toda “bolinha” na garganta e mau hálito é sinal de infecção . Recebi muitas fotos de gargantas “infeccionadas” , que se tratavam na verdade de imagens de cáseo. Você já ouviu falar ?

Caseum ou cáseos amigdalianos são pequenas bolinhas esbranquiçadas ou amareladas, com odor forte e desagradável, que se formam na garganta. É uma massa viscosa, formada pela descamação e restos alimentares. O nome caseum vem do latim e significa “queijo”, pois sua aparência se assemelha a uma pequena bolinha de queijo com cheiro fétido.

O caseum fica nos pequenos buraquinhos existentes nas amígdalas (criptas amigdalianas) e se assemelha a uma infecção de garganta . A quantidade de criptas nas amígdalas varia de pessoa para pessoa. É nessas criptas ou sulcos que pedaços de comida, bactérias e outros detritos podem ficar presos. Esses detritos se calcificam ou endurecem, dando origem aos cáseos amigdalianos.

Sintomas

Além do mau odor bucal, os cáseos podem causar desconforto, como inchaço, irritação local, sensação de algo parado, arranhando a garganta, gosto ruim e alteração de paladar.

É bem comum a eliminação dessas “bolinhas” ao falar e tossir , principalmente em crianças .

Como resolver ?

Escovar os dentes regularmente removerá os restos de comida, bactérias e outros detritos da sua boca antes que eles tenham a chance de ficar presos nas amígdalas. O tratamento dos cáseos pode ser feito com medicamentos anti-inflamatórios e gargarejos com soluções antissépticas.

Em último caso, pode ser indicado procedimentos cirúrgicos para resolução completa do quadro. A remoção das amígdalas através de cirurgia é a melhor forma de tratar definitivamente o caseum, embora nem sempre esteja indicado.

A retirada dos cáseos com instrumentos como palito, pinça ou cotonete não está recomendado, pois além de não resolver, pode causar ferimentos e sangramentos locais.

Dicas

• beba bastante líquido ao longo do dia. A hidratação contínua e adequada fluidifica o muco, contribui para a limpeza das criptas amigdalianas e previne o acúmulo de partículas nas amígdalas;
• faça gargarejos diários;
• evite o jejum prolongado ;
• coma frutas com propriedades adstringentes, como maçã, limão, abacaxi, laranja, caju, caqui, por exemplo, que ajudam na limpeza dos resíduos da boca.

Nem adianta usar amoxicilina !

Quando escolhemos um antibiótico, optamos por aquele que é eficaz contra a maioria das bactérias presentes. Nem sempre o antibiótico mata 100% das bactérias. O que acontece é que se reduzirmos o número de bactérias para 5% ou 10%, a infecção desaparece porque nosso sistema imune é capaz de controlar o que sobrou.

Porém, muitas vezes o nosso organismo não consegue se livrar completamente dessas bactérias, permitindo que as mesmas se reproduzam e causem uma nova infecção, agora composta apenas por bactérias resistentes ao antibiótico escolhido inicialmente.

Este é um exemplo simplificado do que ocorre na realidade. Geralmente são necessários alguns cursos repetidos do mesmo antibiótico, ao longo de meses ou anos, para que surjam bactérias resistentes. Este processo é nada mais do que a seleção natural, onde os mais fortes sobrevivem e passam seus genes para seus descendentes.

Alguns fatos, entretanto, favorecem o surgimento mais rápido de cepas resistentes. O principal é a interrupção precoce do tratamento : algumas bactérias mais fracas morrem com 24 horas, outras precisam de 7 dias. Se o tratamento é interrompido com 5 dias, por exemplo, as bactérias mais resistentes, que precisavam de mais tempo de antibiótico, continuarão vivas e poderão se multiplicar, levando, agora, a uma infecção bem mais resistente.

Outro fator importante é o uso indiscriminado de antibióticos. Muitas das infecções que temos são causadas por bactérias que vivem naturalmente no nosso corpo, controladas pelo nosso sistema imune, apenas à espera de uma queda nas defesas para atacarem. Se o paciente usa muito antibiótico sem necessidade, como, por exemplo,quando a mãe usa para “secar o catarro mais rápido”, ela estará previamente selecionando as bactérias mais resistentes, e, futuramente, quando houver uma real infecção bacteriana, esta será causada já por bactérias resistentes.

E quando a amoxicilina não funciona?

Amplamente utilizada na Pediatria , a amoxicilina é eficaz na maioria das infecções – de garganta, ouvido , sinusite a pneumonia – e também o antibiótico com maior número de bactérias resistentes .

Crianças com infecções recorrentes , fazem uso de amoxicilina e a partir de um certo tempo , nota-se uma redução da sua eficácia . Quando isso ocorre , há a necessidade da troca de remédio , pois não há cura .

E isso pode acontecer com o outro antibiótico? Sim! Se o uso for indiscriminado , com certeza a criança poderá ser colonizada por microorganismos tão poderosos , que somente o uso de medicação na veia ( injetável ) será eficaz . Essa é a temida infecção por bactérias multirresistentes – tão fortes que não há medicação que interrompa a doença .

Prevenção , prevenção , prevenção

Por isso a prevenção de novas infecções é peça fundamental do tratamento . Não basta usar remédio , devemos saber quando e como usá-lo e investigar o por quê isso está acontecendo .

Amígdala grande ou adenóide , desvio de septo e refluxo gastroesofágico são doenças que podem propiciar muita infecção . Após o diagnóstico , o pediatra avalia qual será a forma melhor de tratamento e de prevenção , para que o seu filho não volte a usar mais nenhum antibiótico.

Fica o recado : pense muito antes de usar qualquer remédio por conta própria , sem a orientação de um médico . A solução mais imediata para o seu problema nem sempre é a mais adequada .

Reflita . À saúde do seu filho em primeiro lugar .